Autora: Esmeralda Costa
No sertão de Crateús,
Onde o sol é caloroso,
Nasceu Lucas, violeiro,
De talento grandioso,
Foi poeta e cordelista,
Um artista primoroso.
Desde a infância ele encontrou
Nos cordeis inspiração,
Com seus pais sempre cantando
Os versos da tradição,
Assim ele criou bases
Pra sua grande missão.
Na capital Fortaleza,
Bem na Praça dos Leões,
Com folhetos, violão
Mostrou suas emoções.
Ali ganhou seu espaço,
Cantando belas canções.
E com Pedro seu irmão
Também grande repentista,
Viajando pelo estado,
Encantando como artista
Do interior aos estados
Ele foi protagonista.
Publicou muitos “romances”,
Com cada história tão rica,
E centenas de folhetos
Em sua carreira fica,
Fez da vida o seu cordel
Uma canção que edifica.
Gravou muitas melodias,
Com poemas do sertão,
Discos, fitas e CDs
Levou com dedicação,
Imortalizando a arte
Fincada no coração.
Seus versos foram cantados
Por muitos que ele deu voz,
Com Frank e também Mastruz,
Ressoar foi bem feroz.
De Calango a Asa Branca,
Sua arte foi porta voz..
Luzeiro grande editora
Sua obra publicou,
Pelos cantos do Brasil
O seu verso ecoou.
Levando histórias ao povo
Sua glória se firmou.
E foi com Luzia Dias,
Violeira de talento,
Tocando várias canções,
Para o público atento,
Ouvia a voz encantada
Levando seu puro alento.
Foi artista popular,
Com cultura enraizada,
Do cordel e do repente,
A mente tão inspirada,
Elevando a nossa arte,
Para a história consagrada.
A música e poesia
Tinham todo o seu valor,
Com rimas elaboradas
Cantava sempre o amor,
Das festas às romarias,
Era vida em seu labor.
Dos folhetos lá nas feiras
À viola no terreiro,
Lucas fez da sua voz
Um legado verdadeiro,
Mostrou ao mundo o valor
De um humilde violeiro.
E não tinha uma praça
Que ele não tivesse ido,
Com seu irmão ou sozinho,
O verso nunca perdido.
Era mestre da cultura,
Sempre muito bem querido.
Nos seus temas abordava
O que o povo mais vivia,
Seja amores ou tristezas,
Com genial poesia.
Seu cordel era um espelho,
Uma bela melodia.
No improviso, repentista,
Era mestre do repente.
Inventava ali na hora
Palavras que fazem gente
Chorar ou também sorrir
Com emoção bem presente.
De Crateús ao Brasil,
Levou sempre sua essência,
Respeitado por artistas
Por sua forte influência.
Com palavras inspirou
O valor da existência.
Seu nome ecoa distante,
Onde o folheto passar,
Nas fitas, discos, CDs,
Sua obra vai brilhar.
Pois Lucas sempre viveu,
Pra cultura eternizar.
Um poeta bem gigante,
Da cultura nacional,
Que nasceu no meu Nordeste,
De raiz tradicional.
Cantou com força e beleza,
Com talento sem igual.
No sertão sua memória
Sempre viva vai estar,
Na poesia dos mestres,
Nas canções de emocionar.
Lucas é arte sublime,
Que Deus quis eternizar.
É Lucas Evangelista,
Um farol pra geração.
Deixou seu legado vivo
Na poesia do sertão.
Seu nome será lembrado
Como a voz da tradição.
Hoje é dia de saudade,
Um grande luto ficou,
De Lucas Evangelista,
O mestre que tanto honrou,
Partiu para eternidade,
Mas sua arte aqui fincou.
Um dos últimos gigantes,
De uma geração de ouro,
Que cuidou do nosso verso
Qual precioso tesouro,
Partiu deixando um legado,.
Valioso e duradouro.
Com Paulo Nunes Batista,
E Manuel D'Almeida Filho,
Dividiu a poesia,
Foi exemplo e grande brilho,
Lá na editora Luzeiro,
Onde firme foi seu trilho.
Com Minelvino Francisco,
Manoel Pereira também,
Formou a escola dourada
Que o cordel ainda tem.
Hoje perdemos mais um,
Temos coração refém.
Foi com Rodolfo Coelho,
Nem melhor e nem pior
Com Caetano Cosme, gênios
Que fizeram seu melhor.
Lucas seguiu para a pátria
Onde o verso é bem maior.
Joaquim Batista de Sena,
Francisco Sales, a lenda
Tantos nomes imortais
Nessa geração ascenda.
Lucas hoje reencontra
Na luz que a todos acenda.
Era o último dos mestres,
Dessa era tão gloriosa,
Deixou um vazio imenso
Na terra tão preciosa.
O cordel hoje lamenta
A perda tão dolorosa.
Seu repente silenciou,
Mas só no mundo mortal,
Pois no céu, com sua lira,
Versa seu canto imortal.
Deixa aqui o seu legado,
Patrimônio cultural.
Hoje chora o Ceará,
A cultura nordestina,
É saudade em Fortaleza,
Na praça, tão peregrina,
Onde Lucas declamava,
Com presença tão divina.
O sertão está mais triste,
Cordel perdeu uma voz.
Nosso Evangelista parte,
Deixando um brilho feroz.
O seu nome segue eterno
Ecoa qual porta voz.
Nos folhetos espalhados,
De cordeis pelo sertão,
Sua memória perdura
No verso, na inspiração.
Lucas vive nas palavras,
Na alma e no coração.
Mas se hoje o Nordeste chora,
É porque sabe o valor
De quem lutou pela arte,
E fez dela um esplendor.
Vá em paz, Lucas querido,
Nosso eterno trovador.