Autor: Olegário Alfredo (Mestre Gaio)
Vou falar sobre o cerrado
Como forma de oração
O cerrado sempre foi
Fonte de alimentação
Não dá mais para assistir
Canas da destruição.
Cerrado casa da vida
Saiba que o amamos demais
Não queremos ver a morte
Das plantas e animais
Muito menos das nascentes
E todos os minerais.
Combater seus inimigos
É dever de todo mundo
As queimadas com as secas
No seu solo tão fecundo
Mais as mãos destruidoras
Deixam um corte profundo.
Cerrado grande bioma
Com seu jeito natural
O bem que traz pra terra
Mesmo com a destruição
Conserva seu ambiental.
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É grande diversidade
Que habita no cerrado
É bicho, planta e animal
Vivendo em perfeito estado
Vem o humano e sem dó
A cometer o seu pecado.
Cerrado bom de veredas
Onde a água refresca o chão
E a planta do buriti
Dá adeus para o sertão
E seus frutos valiosos
Alimentam o cidadão.
Sempre olharam o cerrado
Com olhos de preconceito
Ao verem as árvores tortas
Dizendo está com defeito
Na verdade, o cerrado é um
Ecossistema perfeito.
Cerrado amor de cerrado
Um patrimônio real
Está em Minas Gerais
E Distrito Federal
Mato Grosso e Goiás
Sem a ninguém fazer mal.
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Vamos juntos sem demora
Todo cerrado proteger
Do jeito que vai a ganância
Ele é capaz de morrer
Natureza também tem
O direito de viver.
Cerrado solo fértil
De riquezas minerais
Da argila vinda do chão
A utilidade é demais
Para fazer tantos e belos
Trabalhos artesanais.
Todo bioma do cerrado
É de beleza gratificante
Olhos d’água nas veredas
Nascem a qualquer instante
A natureza que faz
Essa riqueza abundante.
Cerrado amigo do peito
Te amos de coração
Faremos uma corrente
Em busca de solução
De tirá-lo rapidamente
Da cruel degradação.
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O cerrado resistente
Até ao fogo suporta
Depois de todo queimado
E de tanta planta morta
Vem a chuva pela terra
E transforma a cinza em horta.
Cerrado seus animais
É um sofrer de fazer dó
Não conseguindo escapar
Morrem queimados no pó
Os que conseguem correr
Batem pé no mocotó.
Bichos feitos pra voar
Voam logo ligeirinhos
Vão deixando para trás
Os filhotes em seus ninhos
Que morrem sem piedade
Os indefesos passarinhos.
Cerrado com tanto fogo
Nada vejo natural
A causa da queimação
Tem sua forma ilegal
Querem é plantar capim
Para engordar o animal.
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Microrganismos e insetos
Com planta medicinal
Desaparecem do solo
Com o calor infernal
A paisagem ressequida
Perde todo visual.
Cerrado, na vida tudo
Tem uma razão de ser
Veja que também o fogo
Com todo seu enfurecer
Faz a semente dormida
Pela terra renascer.
Tudo está na natureza
Em perfeito movimento
Os frutos dos arvoredos
É uma espécie de alimento
Uns animais para os outros
Também servem de sustento.
Cerrado assim diz o povo:
Colhe bem quem plantou
O morto serve para o vivo
Que pela vida passou
Então deixemos tudo
Igualzinho Deus criou.
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Vê as multinacionais
Fingem ajudar a cultura
Deixando exposta a feiura
Depois plantam eucaliptos
Criando a monocultura.
Vêm as multinacionais
Fingem ajudar a cultura
Arranca sem dó o cerrado
Deixando exposta a feiura
Depois plantam eucaliptos
Criando a monocultura.
Por onde existe o cerrado
Em áreas regionais
É grande a circulação
De espécies de animais
Por haver bastante água
E alimentos naturais.
Cerrado do entardecer
Em vermelha imensidão
Bichos de penas voando
Sobre o lar do sertão
Bichos de pelos pastando
Em tranquila lentidão.
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Vaga-lumes com insetos
Bichos menores piando
Fogo-apagô com cigarra
Vêem a tarde se apagando
Pelo sertão do cerrado
Logo já no céu estrelado
Novas formas se formando.
E quem não sensibiliza
Ao ver a flor do cerrado
Tão pequena e tão singela
Não requer nenhum cuidado
Sem morrer é a sempre-viva
E nasce por todo lado.
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