sábado, 12 de outubro de 2024

CORDEL SOBRE O CERRADO

Autor: Olegário Alfredo (Mestre Gaio) 



Vou falar sobre o cerrado

Como forma de oração

O cerrado sempre foi

Fonte de alimentação

Não dá mais para assistir

Canas da destruição.


Cerrado casa da vida

Saiba que o amamos demais

Não queremos ver a morte

Das plantas e animais

Muito menos das nascentes

E todos os minerais.


Combater seus inimigos

É dever de todo mundo

As queimadas com as secas

No seu solo tão fecundo

Mais as mãos destruidoras

Deixam um corte profundo.


Cerrado grande bioma

Com seu jeito natural

O bem que traz pra terra

Mesmo com a destruição

Conserva seu ambiental.

1


É grande diversidade

Que habita no cerrado

É bicho, planta e animal

Vivendo em perfeito estado

Vem o humano e sem dó

A cometer o seu pecado.


Cerrado bom de veredas

Onde a água refresca o chão

E a planta do buriti

Dá adeus para o sertão

E seus frutos valiosos

Alimentam o cidadão.


Sempre olharam o cerrado

Com olhos de preconceito

Ao verem as árvores tortas

Dizendo está com defeito

Na verdade, o cerrado é um

Ecossistema perfeito.


Cerrado amor de cerrado

Um patrimônio real

Está em Minas Gerais

E Distrito Federal

Mato Grosso e Goiás

Sem a ninguém fazer mal.

2


Vamos juntos sem demora

Todo cerrado proteger

Do jeito que vai a ganância

Ele é capaz de morrer

Natureza também tem

O direito de viver.


Cerrado solo fértil

De riquezas minerais

Da argila vinda do chão

A utilidade é demais

Para fazer tantos e belos

Trabalhos artesanais.


Todo bioma do cerrado

É de beleza gratificante

Olhos d’água nas veredas

Nascem a qualquer instante

A natureza que faz

Essa riqueza abundante.


Cerrado amigo do peito

Te amos de coração

Faremos uma corrente

Em busca de solução

De tirá-lo rapidamente

Da cruel degradação.

3

O cerrado resistente

Até ao fogo suporta

Depois de todo queimado

E de tanta planta morta

Vem a chuva pela terra

E transforma a cinza em horta.


Cerrado seus animais

É um sofrer de fazer dó

Não conseguindo escapar

Morrem queimados no pó

Os que conseguem correr

Batem pé no mocotó.


Bichos feitos pra voar

Voam logo ligeirinhos

Vão deixando para trás

Os filhotes em seus ninhos

Que morrem sem piedade

Os indefesos passarinhos.


Cerrado com tanto fogo

Nada vejo natural

A causa da queimação

Tem sua forma ilegal

Querem é plantar capim

Para engordar o animal.

4


Microrganismos e insetos

Com planta medicinal

Desaparecem do solo

Com o calor infernal

A paisagem ressequida

Perde todo visual.


Cerrado, na vida tudo

Tem uma razão de ser

Veja que também o fogo

Com todo seu enfurecer

Faz a semente dormida

Pela terra renascer.


Tudo está na natureza

Em perfeito movimento

Os frutos dos arvoredos

É uma espécie de alimento

Uns animais para os outros

Também servem de sustento.


Cerrado assim diz o povo:

Colhe bem quem plantou

O morto serve para o vivo

Que pela vida passou

Então deixemos tudo

Igualzinho Deus criou.

5


Vê as multinacionais

Fingem ajudar a cultura

Deixando exposta a feiura

Depois plantam eucaliptos

Criando a monocultura.


Vêm as multinacionais

Fingem ajudar a cultura

Arranca sem dó o cerrado

Deixando exposta a feiura

Depois plantam eucaliptos

Criando a monocultura.


Por onde existe o cerrado

Em áreas regionais

É grande a circulação

De espécies de animais

Por haver bastante água

E alimentos naturais.


Cerrado do entardecer

Em vermelha imensidão

Bichos de penas voando

Sobre o lar do sertão

Bichos de pelos pastando

Em tranquila lentidão.

6


Vaga-lumes com insetos

Bichos menores piando

Fogo-apagô com cigarra

Vêem a tarde se apagando

Pelo sertão do cerrado

Logo já no céu estrelado

Novas formas se formando.


E quem não sensibiliza

Ao ver a flor do cerrado

Tão pequena e tão singela

Não requer nenhum cuidado

Sem morrer é a sempre-viva

E nasce por todo lado.

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